5Dec 2021
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5Dec 2021 12:00 UTC Local time *

A Questão Total Neutra no Interior de Santa Catarina

Beatriz de Oliveira Câmara (UFRJ)

Co-authors: Cláudia Cunha, Priscila Francisca

Esta pesquisa dedica-se a estudar o comportamento entoacional de enunciados interrogativos totais neutros produzidos por falantes dos municípios interioranos de Santa Catarina, a fim de descrever e caracterizar os padrões melódicos encontrados para essas regiões.

A presente pesquisa dedica-se ao estudo do comportamento entoacional de enunciados interrogativos totais neutros produzidos por informantes oriundos dos municípios interioranos de Santa Catarina. Diante disso, busca-se descrever e caracterizar os padrões melódicos encontrados para essas regiões, a fim de enriquecer as análises feitas pelo projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), como as de Silva (2011), Silvestre (2012), Santos (2016), Soares (2016), Machado (2020) e Francisca (2020). Além disso, pretende-se comparar os resultados desta pesquisa aos resultados obtidos anteriormente por Silva (2011), para a capital Florianópolis, pois isso nos permitirá aferir se o comportamento melódico nos municípios interioranos se alinha ao padrão descrito pela autora supracitada, ou se apresenta variação, revelando padrões entoacionais diversos. No que tange à análise dos dados, foram seguidos os princípios postulados pelo Modelo Autossegmental e Métrico (PIERREHUMBERT, 1980) para a interpretação dos dados e pela Fonologia Prosódica (NESPOR & VOGEL, 1986) para delimitar o escopo de análise, a Intonational Phrase (IP). Utilizou-se, ainda nessa fase, o programa computacional Praat (BOERSMA & WEENINK, 2010), através do qual se observou o comportamento da Frequência Fundamental (F0), seguindo o sistema de anotação desenvolvido para o português P-ToBI (FROTA, OLIVEIRA e CRUZ, 2015c). Os resultados encontrados até o momento mostraram uma predominância do alinhamento do pico da F0 localizado à direita da sílaba tônica, assim como nos resultados de Silva (2011) para a região Sul. Entretanto, também encontramos alguns dados cujo alinhamento se deu na sílaba postônica, com destaque para o município São Francisco do Sul, com 50%. Além disso, observamos que, em alguns dados de Porto União, a F0 atingiu seu pico no meio da sílaba tônica.

Você já sabe que no Brasil existem diferentes maneiras de se referir a uma mesma coisa: biscoito x bolacha. Mas você sabia que quando falamos emitimos uma melodia que pode variar de acordo com a região de onde somos? Não? Então segue o🧵para saber mais #linguistweets #TW1200
5Dec 2021 12:15 UTC Local time *

As quatro partes da gramática de Anchieta (1595)

A Historiografia da Linguística pesquisa questões como a História da Gramática e a Linguística Missionária, descrevendo a história do pensamento linguístico. Na apresentação, analisamos a gramática mais antiga do Brasil: a Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.

A gramática humanística poderia ser dividida em quatro partes: a letra, a sílaba, a dição e a construção, conforme os gramáticos latinos e diversos humanistas que gramatizaram os vernáculos nos séculos XV e XVI. Essa divisão em quatro partes da gramática é o tema de nossa apresentação, fudamentada pelos pressupostos teóricos da disciplina de Historiografia da Linguística, a partir de duas das suas linhas de pesquisa: a Gramaticografia, ou História da Gramática, e a Linguística Missionária, segundo o modelo teórico de Pierre Swiggers. Nosso objetivo é debater a obra Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de 1595, gramática organizada em dezesseis capítulos, cujo autor é o humanista e missionário S. José de Anchieta, SJ (1534-1597). A gramática de Anchieta descreve a língua dos indígenas de cultura Tupinambá, e estava dividida nas quatro partes da gramática, partindo da descrição do uso de letras do alfabeto latino para transcrição da língua indígena, da formação das sílabas, das dições (dictiones), ou palavras, e da construção, em dois níveis sintáticos oracionais: a concordância e a regência. Analisamos como Anchieta emprega esses conceitos, derivados da gramática latina e das gramáticas vernaculares renascentistas, para a descrição da língua indígena considerada a mais importante para o contato linguístico intercultural na América portuguesa quinhentista. Ademais, debatemos o processo de gramatização quinhentista da língua dos indígenas de cultura Tupinambá e seu uso social, à época, quando foi utilizada também na política missionária, com finalidade catequética, em um processo em que a língua latina e a língua portuguesa atuaram como superstratos.

A disciplina Historiografia Linguística (HL) descreve a história do pensamento linguístico no Brasil. Essa história começa no período colonial da América portuguesa quinhentista, com os primeiros missionários. A gramática missionária derivava dos humanistas #linguistweets #TW1215
5Dec 2021 12:45 UTC Local time *

Language influence: Student destination choice

Rania Salah (University of Pannonia)

Co-author: Rania Salah (University of Pannonia)

A great number of programs that promote studying abroad have offered an opportunity for students around the globe to travel for educational purposes. The present study investigates whether the language of the host country influences their decision-making in doing so, especially when the destination is a largely monolingual country such as Hungary.

A great number of programs that promote studying abroad have offered an opportunity for students around the globe to travel for educational purposes and to be a part of an international community. Educational tourism through the past years has known remarkable growth and nowadays is considered as one of the fastest-growing tourism sectors in the world. The purpose of the present study is as follows: 1) To have an insight into the term educational tourism and into its benefits. 2) To identify the main motivations of international students behind choosing a destination for their educational tourism. 3) To investigate whether the language of the host country influences their decision-making in doing so, especially when the destination is a largely monolingual country such as Hungary. To collect data for examining these questions, an online questionnaire was used and shared with 63 international students who were studying in Hungary at the time of data collection or studied a couple of years ago. Results show evidence of several push and pull motivation factors but, on the other hand, it reveals that most of the participants are not influenced by the language in choosing Hungary as a non-English destination for their educational tourism.

#linguistweets #TW1245 Programs that promote studying abroad have offered an opportunity for students around the globe to travel for educational purposes such as in Hungary. Does the language of the host country influence their decision-making? 1/6 https://t.co/7GvDFVK1Z2
5Dec 2021 13:00 UTC Local time *

O alinhamento tonal nas interrogativas do ALiB: revisitando metodologias e resultados

Priscila Francisca (UFRJ)

Co-authors: Leonardo, Machado (UFRJ), Beatriz, Câmara (UFRJ), Otávio, Barbosa (UFRJ), Cláudia, Cunha (UFRJ)

Esta pesquisa tem por objetivo apresentar os procedimentos metodológicos e os resultados obtidos nos estudos que vêm sendo desenvolvidos no âmbito do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Para isso, foi investigado um aspecto particular da implementação fonética da entoação: o alinhamento tonal.

Esta pesquisa tem por objetivo apresentar os procedimentos metodológicos e os resultados obtidos nos estudos que vêm sendo desenvolvidos no âmbito do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Para isso, foi investigado um aspecto particular da implementação fonética da entoação: o alinhamento tonal. Sabe-se que esse fenômeno é relevante, por exemplo, na diferenciação de línguas (LADD, 1996/2008) e dialetos (GRICE, D’IMPERIO, SAVINO & AVESANI, 2005; GRICE, LADD, & ARVANITI, 2000; ANTUNES, 2011). Em face desse cenário, justifica-se a inspeção do mencionado parâmetro devido à capacidade que apresenta para atuar como um índice de regionalidade. Nesse sentido, analisaram-se dois tipos frásicos, nomeadamente, interrogativo total e interrogativo disjuntivo – ambos neutros. O primeiro é aquele que pode ser respondido por sim ou não (“Você vai sair hoje?”) e o último oferece em sua formulação dois ou mais elementos dos quais um deles será a resposta (“Você quer leite ou café?”). Todos esses enunciados são oriundos de 25 capitais brasileiras, incluindo 41 municípios interioranos que, por sua vez, pertencem aos seguintes estados: Bahia, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Cumpre destacar que a escolha dos enunciados interrogativos está pautada nas características do sistema entoacional do português, marcado por acentos tonais complexos (FROTA et al. 2015; FROTA & MORAES, 2016). Os enunciados interrogativos totais e disjuntivos do Português do Brasil, mais especificamente, são descritos, no geral, como portadores de um movimento ascendente bitonal L+H (CUNHA, 2000; SILVA, 2011; FRANCISCA, 2020; MACHADO, 2020). Com base nessas propriedades melódicas, torna-se imprescindível entender como cada um dos tons envolvidos na combinação fonético-fonológica atua ao longo da sílaba, pois existem autores (CRUZ, 2013; FROTA et al. 2015; CASTELO, 2016) que defendem um alinhamento associado ao tom baixo, L*+H, enquanto outros optam por representar o alinhamento associado ao tom alto L+H* (MORAES, 1998; MORAES, 2008; CRUZ, 2016). No que concerne ao referencial teórico adotado, seguiram-se os princípios postulados pelo Modelo Autossegmental e Métrico (PIERREHUMBERT, 1980) e pela Fonologia Prosódica (NESPOR & VOGEL, 1986). No geral, os resultados ratificam o alinhamento como relevante para a caracterização de diferenças regionais, dado o comportamento observado não só nas capitais investigadas, mas também nas cidades do interior.

#linguistweets #TW1300 O alinhamento tonal consiste na coordenação temporal entre o tom e os elementos da cadeia segmental da fala. Esse fenômeno, relevante para a diferenciação dialetal, vem sendo discutido nos estudos dedicados à análise entoacional das interrogativas do ALiB.
5Dec 2021 13:15 UTC Local time *

O TEXTO NO ENSINO DE PORTUGUÊS NAS DÉCADAS DE 1960 E 1970

Esta apresentação pretende divulgar um recorte da pesquisa de doutorado que tem como objetivo a análise sobre o texto como objeto teórico em livros didáticos de língua portuguesa, da segunda metade do século XX, no Brasil.

Nesse sentido, as perguntas que orientam a análise são: (i) Quais as noções ou as teorias linguísticas sobre texto os livros didáticos desse período revelam? (ii) Qual a relevância atribuída ao texto na história do ensino de língua portuguesa desse período? (iii) Levando em conta o período selecionado, como é direcionado o estudo do texto no ensino de língua portuguesa no Brasil? Para atingirmos esse objetivo, alguns critérios foram necessários para a seleção dos livros didáticos: obras de referência de cada época, que atendessem ao que hoje se denomina como o 6º ano do ensino fundamental e que apresentassem abordagens a respeito do texto. Desse modo, para esta comunicação, selecionamos as obras Português através de textos: 1ª série (1968) e Comunicação e expressão em língua portuguesa: 5ª série (1973). A base teórica que fundamenta a pesquisa é constituída pelos princípios teóricos e procedimentos de análise da Historiografia da Linguística (cf. ALTMAN, 1998, 2019; BATISTA, 2013, org. 2019; KOERNER, 2014; SWIGGERS, 1990, 2019, 2020). O recorte desta apresentação confirma que o livro didático possui uma função que é motivada historicamente pelo homem. Assim, o texto, enquanto objeto teórico do ensino de língua portuguesa, se fez presente em livros didáticos em decorrência do clima intelectual ancorado em demandas históricas, políticas e sociais.

#linguistweets #TW1315 Olá a todos, esta sequência de tweet apresenta um recorte da minha pesquisa de doutorado em andamento. O trabalho busca responder: qual a configuração histórica do texto como objeto teórico em livros didáticos brasileiros de língua portuguesa no século XX?
5Dec 2021 13:30 UTC Local time *

Linguistas e a constituição da figura do especialista no discurso público: o caso da linguagem não-binária

Monique Amaral de Freitas (USP)

Co-author: Luana De Conto

Discutimos os limites entre a ciência e o debate público, argumentando que a constituição na mídia de um linguista como especialista se dá em função da validação de um projeto de dizer já estabelecido, como observamos em matérias sobre o gênero neutro em veículos conservadores.

O tema envolvendo a linguagem que mais recebe holofotes no debate público neste momento é, sem dúvidas, a linguagem não-binária. Há, em linhas gerais, posicionamentos que defendem iniciativas de emprego no português de terminações como @, x e -e, e posicionamentos contrários a essas iniciativas, questionando a efetiva neutralidade dessas terminações e advogando pela neutralidade do chamado masculino genérico. Neste trabalho, discutimos a constituição da figura do linguista-especialista nas matérias jornalísticas a esse respeito e a consequente circulação do discurso acadêmico no debate político, levando em consideração a apropriação das declarações de linguistas por parte de setores de orientação política conservadora.
Para tanto, partimos de dois textos publicados em portais de notícias. O primeiro texto é o artigo veiculado pelo jornal Gazeta do Povo em 14 de novembro de 2017, assinado por Andressa Muniz. Intitulado “Elx, el@s, todxs? Na língua portuguesa, sem gênero neutro: apenas masculino e feminino”, a matéria se apoia na análise de Camara Jr. e em declarações do professor Sírio Possenti, para afirmar que “segundo pesquisadores da área, usar o gênero masculino para se referir a um grupo de pessoas, homens e mulheres, não é uma forma de preconceito”. Esse argumento foi reapresentado pela própria Gazeta em 09 de setembro de 2020, quando se noticiou o “ensino de linguagem neutra” em uma escola de Recife, agora com a interpretação de que o emprego das formas neutras carece de cientificidade: “Os especialistas ressaltaram ainda que essas novas terminações que movimentos sociais pretendem acrescentar à língua portuguesa não tem amparo científico.”. A partir daí, o argumento chegou até o portal Gospel+ (15 de setembro de 2020), ressaltando que “linguistas reprovam neologismo”.
Argumentamos que a discussão sobre as marcações não-binárias chega ao debate político carregada de uma tensão cientificista, que, do ponto de vista dos linguistas parece ser orientada a partir de um conflito teórico (em linhas gerais, entre o estruturalismo e teorias discursivas ou funcionalistas). Contudo, a constituição de um linguista como especialista-autoridade no corpo de uma matéria jornalística se dá, em diversos casos, a partir da validação de um projeto de dizer já estabelecido pelo veículo de comunicação/pelo jornalista e não a partir de um compromisso com o modelo explicativo mais cientificamente adequado ou teoricamente consistente.
Considerando a impossibilidade de se desvincular a história da ciência das outras histórias, a partir de Latour (2016) e de Schiebinger (2001), concebemos que a trajetória do masculino genérico e a dos vieses conservadores se cruzam e recruzam e, assim, colocamos em questão os limites entre a ciência e o debate público.

Como a Linguística se insere no debate público sobre #gêneroneutro? Argumentamos que em meio a um contexto político de silenciamento de minorias, a voz do linguista especialista pode ser mobilizada para servir a um projeto político conservador. #linguistweets #TW1330 @apudLuanam
5Dec 2021 13:45 UTC Local time *

Línguas em contato e diaconstruções emergentes

Se línguas em contato tendem a se tornar semelhantes com o tempo, pode-se dizer que bi/multilíngues têm uma vantagem cognitiva ao usarem construções emergentes compartilhadas entre as línguas. Essas ‘diaconstruções’ emergentes do contato podem ser identificadas em LIBRAS e em PB?

Efeitos de transferência da L1, amplamente estudados na literatura da área de Aquisição de Segunda Língua, têm sido descritos como decorrentes da aplicação de regras gramaticais da L1, durante aprendizagem de nova língua. Sob tais efeitos, desenvolve-se um sistema denominado Interlíngua (SELINKER, 1972), ou seja, uma variedade mutável da L2, com marcas da L1. Nessa perspectiva, o novo sistema indicaria que aprendizes jovens e adultos desenvolvem uma gramática internalizada separada, sob efeitos unidirecionais da L1. Sendo essa separação questionada por modelos teóricos baseados no uso, interessa-nos saber se efeitos em direção contrária podem ocorrer, ou seja, se usos da L2 podem modificar usos da L1. E se isso pode ocorrer, essa seria uma evidência para a reorganização constante de um único repertório ou constructicon multilíngue? Para essa investigação, mobilizamos recentes estudos sobre línguas em contato, por um viés construcionista e baseado no uso ˗ Gramática de Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 2019; HILPERT, 2019) e Gramática de Construções Diassitêmica (HÖDER, 2018; HÖDER et al, 2021) – que têm possibilitado explicações importantes sobre o constructicon de falantes bi/multilíngues. Esses modelos teóricos assumem que o constructicon multilíngue emerge do uso e forma uma rede de construções potencialmente crescente. Nessa rede, estariam conectadas variedades de idioconstruções (específicas de cada língua) e de diaconstruções (compartilhadas entre as línguas). No caso de brasileiros surdos usuários da LIBRAS e do PB, a emergência dessas duas línguas em contato ocorre a partir de modalidades distintas: a primeira é sinalizada e, em geral, não é aprendida precocemente, mas sim a partir do ingresso em escolas em que há sinalizantes dessa língua; a segunda é escrita e dependente de instrução explícita, configurando, assim, uma situação de bilinguismo escolar (SOARES, 2021). As investigações iniciais das produções de adultos surdos, tanto em PB escrito (SOARES; NASCIMENTO, 2020), quanto em LIBRAS (GODOY; SOARES, 2021), mostram evidências de reanálise de construções funcionais dos tipos atributiva, equativa e apresentacional, configuradas pelos esquemas [SN VFUNC SAdj]ATR, [SN VFUNC SN]EQUA e [VFUNC SN]APRES. A princípio, em LIBRAS, não haveria um slot para VFUNC, mas em PB, sim. Sob efeito de transferência da LIBRAS, textos produzidos por aprendizes surdos frequentemente não materializam as variadas formas do verbo SER. Pesquisas realizadas no âmbito do Núcleo de Estudos em InterlínguaS vêm observando em vídeos coletados a partir de 2017 um aumento na frequência de ocorrência de um item empréstimo do PB: o sinal <É>. Essa forma tem preenchido slots de VFUNC, aparentemente nos três tipos de construção funcional da LIBRAS. Pretende-se apresentar esse que parece ser um tipo recente de diaconstrução emergente do contato, cujo efeito tem se manifestado também em textos escritos em PB, em que a forma ‘é’ é combinada a sujeitos singular e plural.

Pesquisas têm revelado que efeitos do contato linguístico não são apenas na direção da L1 pra L2, mas o contrário também ocorre: usos da L2 podem modificar usos da L1. Isso seria uma evidência pra reorganização constante de um único repertório multilíngue? #linguistweets #TW1345
5Dec 2021 14:00 UTC Local time *

Dissecando o discurso negacionista

Hélio Oliveira (UNIFEOB)

Co-author: Hélio Oliveira

O discurso negacionista não se resume à negação de que a Terra seja esférica, seguida de uma explicação mística para o terraplanismo. Um de seus principais tentáculos é simular a ciência, parasitando o discurso científico, para distorcer argumentos: conheça o inversionismo e outras práticas do discurso negacionista.

A ascensão do discurso negacionista tem sido notória no mundo e, especialmente no Brasil, país em que políticas públicas baseadas na negação da ciência têm sido sistematicamente implementadas pelo governo federal, desde janeiro de 2019. Uma prova recente dessas ações contra o campo científico (outubro de 2021) foi o corte de aproximadamente 90% da verba destinada ao financiamento de pesquisas em diversas áreas, desmonte que foi classificado por Marcos Pontes, dirigente do Ministério da Ciência e Tecnologia, como “ilógico e equivocado”, muito embora o ministro em questão seja um grande defensor do presidente e de seus apoiadores. A aparente falta de lógica, todavia, não é aleatória, mas uma das características do funcionamento do discurso negacionista, ao lado de outros fenômenos semântico-discursivos como o inversionismo, a negação atópica, a desinformação e a presença de um enunciador sui generis, marcado pela ambiguidade de dizer sem dizer – por exemplo, com frequência, o enunciador do discurso atópico corresponde à figura de um especialista que se diz cientista, mas deturpa e contradiz as teses e os métodos científicos. As características mencionadas abrangem uma tentativa de descrever e categorizar o discurso negacionista, tal como aparece nos resultados de um trabalho já publicado no periódico Cadlin, Cadernos de Linguística, com o título “O ‘gabinete das sombras’ e o discurso negacionista no Brasil”. Na conferência internacional Linguistweets, nosso objetivo é divulgar os resultados desse trabalho em uma linguagem mais acessível ao público em geral, com vistas a despertar o interesse dos cidadãos em compreender a importância do papel dos discursos nas práticas sociais cotidianas, bem como estimular linguistas de outras áreas a conhecer e, eventualmente, se aprofundar na área de estudos do discurso, em especial, na análise do discurso de linha franco-brasileira.

#linguistweets #TW1400 Durante a pandemia de covid-19, fala-se muito do negacionismo, mas você sabe, de fato, o que é isso e como ele funciona? Estudar esse fenômeno a partir de um ponto de vista linguístico-discursivo leva a descobertas curiosas. +
5Dec 2021 14:15 UTC Local time *

Difference between input and intake

Data were taken from CHILDE’s platform PAU003’s file. The child exposed to certain syntactic and lexical complexity utterances (input), only took what (intake) his linguistic and cognitive maturity allowed. From adverbial conjunctions six types, he only produced one type, the causal “because” (Port. ‘porque’).

The register adults use when talking to each other is more complex in nature if compared to the one they use when talking to the child (Child Directed Speech, CDS). For evidencing such hypothesis, we analyzed adults’ utterances with embedded clauses introduced by subordinate adverbial conjunctions when they spoke to each other and to the child and by the way how they used them; Data were taken from PAU003’s file, recorded during Scliar-Cabral’s doctoral thesis and available at http://childes.psy.cmu.edu/data/Romance/ Portuguese/florianopolis.zip. MacWhinney (1995), Brown (1973), and Scliar-Cabral (1977) categories were used for analysing the data. For the Childes Platform, they were digitized by CNPq Scientific Initiation grantees, under Scliar-Cabral’s guidance and the grantee Íris Marjorie BÖING IMHOF (2014) participated specifically in the research being described.The child, even when exposed to certain syntactic and lexical complexity (input) utterances, only takes from them, what his linguistic and cognitive maturity allows (intake). Although exposed to subordinate adverbial conjunctions six types, the child only reproduced one conjunction type, the causal “because” (Port. ‘porque’), even though the temporal conjunction “when” (Port. ‘quando’) showed the highest frequency in adults’ Child Directed Speech. It can be inferred, then, that the conjunction “because” presents less processing complexity. The other studied hypothesis is that the child did not issue any temporal conjunction, because it statements addressed by adults to him were very extensive and, therefore, more difficult to process.
In addition, when adults talked to each other, they produced thirteen types of subordinate conjunctions, with the causal conjunction “because” being more frequent, followed by the temporal conjunction “when”. This survey evidences that the subordinate adverbial conjunctions are items of late acquisition, which depend on the child’s cognitive and linguistic development, input and processing. Therefore, the Child Directed Speech items frequency, their syntactic complexity and communicative functions interfere in the child language acquisition.

The register adults use when talking to each other is more complex if compared to the one used to the child (CDS). We tested the hypothesis, analyzing adults’ utterances with embedded adverbial conjunctions clauses, spoken to each other and to the child. #linguistweets #TW1415
5Dec 2021 14:30 UTC Local time *

Grados de conversación en Twitter

Mediante esta investigación se pretende hacer una revisión de la comunicación online a partir del análisis de las características de la interacción comunicativa en las redes sociales en comparación con la conversación cara a cara, tomando como caso específico Twitter que, a semejanza de la modalidad presencial, también ha sido considerada conversacional.

En primera instancia, a través de los datos de una serie de estudios de caso, esta investigación se enfocará en examinar distintas estrategias como el retuiteo, las menciones (@), la utilización del hashtag, y las respuestas directas (reply) como recursos a través de los cuales los usuarios se integran a una conversación. En segundo término, se buscará contrastar de forma general las propiedades de la comunicación en el marco de la interacción virtual con las de la conversación cara a cara. Por lo tanto, en este trabajo se analizará cómo los recursos para la comunicación en Twitter se constituyen como prácticas conversacionales.

Mediante el análisis de un corpus de 400 tuits se demuestra que dentro de un marco situacional virtual (TW) se producen interacciones comunicativas con un nivel de complejidad propio. #linguistweets #TW1430
5Dec 2021 14:45 UTC Local time *

Avaliação de Ferramentas Recentes Utilizadas para Confecção de Dicionários Eletrônicos

Crislaini Dias (UFAL)

Co-authors: Kamila Barros de Almeida (UFAL), Miguel Oliveira Jr. (UFAL)

Neste trabalho buscamos fazer o levantamento, testagem e análise de softwares utilizados para compilação de dados na criação de um dicionário. Os resultados vão nos auxiliar na produção de um dicionário eletrônico do Yaathe, língua indígena brasileira falada pelos Fulni-ô.

A confecção de um dicionário é um trabalho complexo que perpassa por várias áreas da linguística e ainda, abrange uma série de processos metodológicos que implicam o conhecimento de ferramentas específicas para sua produção. Tendo isso em vista, neste trabalho buscamos fazer o levantamento, testagem e análise de softwares utilizados para compilação de dados na criação de um dicionário, com vistas a escolher o que melhor se adeque a nossa proposta. Para isso, num primeiro momento, partindo dos princípios teórico-metodológicos mais recentes da Lexicografia, analisamos dicionários eletrônicos de línguas indígenas brasileiras e estrangeiras, buscando verificar sua macro e microescroestrutura e, sobretudo, fazendo o levantamento das ferramentas computacionais que foram utilizadas na sua confecção. Após testagem e análise comparativa das ferramentas mais utilizadas, fizemos uma listagem comparativa das vantagens e desvantagens de cada uma. Os resultados aqui encontrados são de extrema importância para trabalhos futuros na área da lexicografia. Além disso, esses resultados vão nos auxiliar na produção de um dicionário eletrônico do Yaathe, língua indígena brasileira falada pelos Fulni-ô, situados em Águas Belas, Pernambuco – que é objetivo central de nosso projeto de pesquisa.

Sou Crislaini Dias, doutoranda em Linguística, orientanda do prof. Dr. Miguel Oliveira Jr (PPGLL/UFAL). O trabalho aqui apresentado colabora com um projeto maior que visa criar um dicionário eletrônico para o Yaathe, língua indígena brasileira. #linguistweets #TW1445