5dez 2020
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Programa

5Dez 2020 09:00 UTC
5Dez 2020 06:00 Horário Local *

who gives what to whom, and how do we know

Eva Zehentner (University of Zurich - Switzerland)

if you can’t distinguish between who’s the giver and who’s the recipient, because case marking is gone – does sticking a preposition on one of them help, or does fixing word order do the trick? looking at the history of giving verbs in English will tell
What role do ambiguities between participant roles in an event play as a driving factor in language change? This paper addresses this question based on the specific case of the historical emergence of the well-known English dative alternation: In early English, the alternation between a nominal construction (They gave the students cake) and a prepositional construction (They gave cake to the students) was not present yet, as only the former was used. The latter became more widely available from Middle English onwards, and is firmly established today, with the choice between the constructions typically influenced by semantic and information-structural factors. The causes for this rise, and the subsequent establishment of the alternation relationship are contended – while often linked to language contact with French, another popular explanation is the loss of morphological case marking, which is argued to have made distinguishing between ‘recipient’ and ‘theme’ in ditransitive clauses difficult. In such a situation of potential overlap, strategies with greater disambiguation powers, such as prepositional marking on one argument, may propagate quickly. This paper takes disambiguation issues as its starting point, but argues against recipients and themes as the main focus, instead looking at subjects (agents) as a point of conflict.
Specifically, I suggest that disambiguation between recipients and themes likely did not present much trouble, based on the prototypical distributional properties of these arguments: while recipients tend to be animate, given, accessible, pronominal, definite, etc., themes usually have very different features, e.g. being low on the animacy scale. However, there is great overlap between recipients and agents regarding these aspects; at a time when constituent ordering was still relatively free, and SVO order was not predominant in the language, ambiguities may have given prepositional patterns formally distinguishing one of them an advantage. I test this hypothesis by means of a quantitative analysis of ditransitive tokens in a corpus of Middle English (PPCME2), coding the tokens on a variety of variables including features of the arguments, as well as case marking salience and aspects of constituent ordering. A behavioural profile/ multiple correspondence analysis demonstrates that while subjects and recipients clearly cluster together and contrast with themes; at the same time, however, a clear effect of subject-related factors on the choice between constructions is only partly confirmed by mixed-effects logistic regression modelling of the data. The results lend support to the idea that loss of specific formal disambiguation strategies is ‘compensated’ by an increase in other strategies if semantic cues are not sufficient; at the same time, the study showcases the complex interplay of different strategies (such as prepositional marking and constituent order), making it difficult to disentangle their individual impact.
evaeva zehentner
how do we know who does what to whom in a clause? typical strategies for disambiguating include case, agreement, constituent order, or prepositions. if none of these work, asymmetries in e.g. animacy may help: subject = usually animate vs object = inanimate#linguistweets #lt0900
5Dez 2020 09:15 UTC
5Dez 2020 06:15 Horário Local *

O efeito de chunking na aprendizagem do PBL2

Investigações conduzidas pela perspectiva Funcional-Cognitiva revelam que o processo cognitivo chunking tem papel fundamental para que sequências da L2 sejam acessadas e armazenadas como blocos de forma-sentido, necessários à emergência de uma forte rede construcional na mente.
A forma como são percebidas, armazenadas e usadas as construções de uma L2 e as variáveis que condicionam o alcance de níveis altos de proficiência têm sido questão de discussão entre os integrantes do Núcleo de Estudos em InterlínguaS da UFRJ. No caso de aprendizes surdos, a aprendizagem do português é dependente de instrução explícita via escolarização e, para alguns, via lento processo de treinamento fonoaudiológico. Em contexto escolar, por se tratar de aprendizagem formal da modalidade escrita de uma língua, nada natural, portanto, conhecer e aplicar componentes potencializadores da aprendizagem pode otimizar a emergência da L2. Existem processos cognitivos poderosos que atuam, por exemplo, no fatiamento e no entrincheiramento das construções da L1 e que podem ser bem aproveitados durante a aprendizagem do novo complexo e dinâmico sistema emergente. Tomando consciência de como atuam alguns desses processos, professores e aprendizes de L2, podem apostar em certas práticas de ensino-aprendizagem, potencializadoras da emergência de fortes conexões entre forma e significado. Chunking é um desses processos cujo produto de seu acionamento permite ao aprendiz a identificação de constituintes importantes relativos a sequências que se combinam para formar construções mínimas de significado como os morfemas (e.g. -ção; -dade; -eza) que se combinam a bases formando palavras (e.g. emoção; felicidade; tristeza) que se combinam em sintagmas (e.g. com muita garra e emoção; o segredo da felicidade; uma tristeza profunda), e que se combinam em unidades cada vez maiores e mais entrincheiradas (e.g. “Tristeza não tem fim, felicidade sim”) com recuperação menos custosa na memória. No entanto, esse mecanismo é altamente dependente do fator frequência de uso para que possa operar de forma consistente com os padrões combinatórios do PB, eliminando competições e mesclas entre padrões da L1 e da L2. Com base na perspectiva teórica da Linguística Cognitivo-Funcional (TOMASELLO, 1998; 2003, BYBEE, 2010 e ELLIS, 2003), desenvolvemos um estudo linguístico-descritivo (SOARES, 2018) que observou a recuperação de itens lexicais durante atividade leitora em português brasileiro (PB), aplicada a surdos universitários. Mapeamos e analisamos preenchimentos em construções nominais selecionadas de dois textos configurados pela técnica do cloze, a fim de verificar o quão reconhecíveis e acessíveis como blocos de forma e significado são os itens lacunados em sequências combinatórias durante a leitura. Os resultados evidenciaram representação cognitiva do PB em um contínuo de fraca a forte, tanto no nível intra quanto no nível interlexical em que o processo de chunking opera.
Lia Abrantes Antunes Soares
#linguistweets #lt0915 É possível usar L2 sem reconhecer como se combinam sequências de morfemas e de palavras que formam textos? Aprendizes percebem que sequências menores se combinam a maiores, tomando posições em construções que aceitam tipos de itens, mas bloqueiam outros?
5Dez 2020 09:30 UTC
5Dez 2020 06:30 Horário Local *

E quando professor de inglês ensina PLE?

Analisamos representações discursivas de professores de língua inglesa, ao enunciarem sobre o ensino-aprendizagem de Português como Língua Estrangeira. O ensino e a formação em PLE ocupam um entre-lugar, advindo da estranha-familiar relação com a língua portuguesa.
Neste trabalho, visamos refletir sobre a formação do professor de/para Português como Língua Estrangeira (PLE), a partir da análise de representações discursivas que se deixam (des)velar nos dizeres de professores de língua inglesa (LI), ao enunciarem sobre o ensino-aprendizagem de PLE. Ocupando um lugar de entremeio, em que sendo língua materna se constitui como língua estrangeira, a língua portuguesa parece instaurar uma relação tenso-conflitiva para o professor de PLE. Ancoramo-nos no escopo teórico-metodológico dos estudos do discurso (pecheutiano e bakhtiniano) e da Linguística Aplicada trans/indisciplinar, que nos permite pensar a linguagem como prática social, heterogênea e situada. Nosso corpus se constitui do depoimento oral de 10 professores de LI que atuaram no ensino de PLE, em diferentes contextos. Em termos metodológicos, utilizamos a proposta AREDA (Análise de Ressonâncias Discursivas em Depoimentos Abertos), desenvolvida por Serrani-Infante (1998), a fim de investigar algumas regularidades enunciativas nos depoimentos. Nossas análises apontam para a emergência de três grandes representações, sintetizadas nos seguintes enunciados: i) a formação em inglês é (in)suficiente para a atuação no PLE; ii) o ensino de PLE deve focar em aspectos culturais e em abordagens comunicativas; e iii) o ensino de PLE é totalmente diferente, mas se assemelha ao ensino de PLM. Essas representações são marcadas pela tensão entre a memória da normatividade e a memória do comunicativismo (fluência) no ensino de línguas. Todavia, é sobretudo a estranha-familiar relação com a língua portuguesa (materna/estrangeira) que atribui ao ensino e à formação em PLE o status de um entre-lugar.
Cristiane Brito
#linguistweets #lt0930 1/6 O que diz o professor de inglês quando ensina Português como Língua Estrangeira (PLE)? A partir dessa inquietação, analisamos os depoimentos de 10 professores de LI que atuaram no ensino de PLE, em diferentes contextos, para pensar a formação docente
5Dez 2020 09:45 UTC
5Dez 2020 06:45 Horário Local *

Compreensão de textos no AVC e baixa escolaridade

Sabrine Amaral Martins Townsend (Unisc/PUCRS - Brasil)

A pesquisa comparou a compreensão de seis narrativas (lidas e ouvidas) por 18 indivíduos com AVC no hemisfério esquerdo a 10 controles, com baixa escolaridade, verificando o desempenho nos níveis micro- e macroestruturais textuais através de recontos e perguntas de compreensão.
Compreender um texto, seja ele oral ou lido, é indispensável para as experiências humanas. Acidentes vasculares cerebrais (AVCs) ocorridos em especial no hemisfério esquerdo (HE) podem impactar na compreensão e a produção textual. No entanto, pouco ainda se sabe sobre essa influência no nível textual/discursivo, incluindo, por exemplo, a comparação entre a modalidade oral e escrita na compreensão textual/discursiva nesse tipo de lesão. Esta pesquisa teve por objetivo investigar a compreensão de narrativas em duas modalidades de apresentação (lidas e ouvidas) por indivíduos com lesão no hemisfério esquerdo (LHE) e controles saudáveis, comparando-se seu desempenho nos níveis micro- e macroestruturais da compreensão de narrativas. Para tal, realizamos o estudo com 18 LHE e 10 controles, com idade e escolaridade equiparadas. A compreensão dos níveis macro- e microestrutural foi verificada por meio de seis narrativas curtas, divididas na modalidade oral ou escrita. Os participantes realizavam um reconto e respondiam à cinco perguntas de interpretação. Os resultados apontaram diferenças significativas na compreensão de narrativas entre LHE e controles. Os prejuízos observados no nível macroestrutural dos LHE em detrimento do micro- sugerem falhas na aplicação das macrorregras de deleção, construção e generalização, subjacentes à compreensão global de um texto. Também foram encontradas diferenças entre os grupos quanto à modalidade de apresentação dos textos. O presente estudo pretende contribuir para aprofundarmos nosso entendimento sobre a compreensão de narrativas na modalidade oral versus escrita na lesão de HE, em indivíduos brasileiros, na maioria idosos, com baixo nível educacional.
sabrine a. martins townsend
#linguistweets #Lt0945 A popular “isquemia” (acidente vascular cerebral - AVC) constitui-se como uma das principais causas de morte, que afeta de 5 a 8 casos a cada 1000 habitantes acima dos 25 anos no Brasil. #compreensaotexto #avc #baixaescolaridade 1/6
5Dez 2020 10:00 UTC
5Dez 2020 07:00 Horário Local *

O mal-entendido em tweets

Débora Cristina Longo Andrade (Mackenzie - Brasil)

Nosso trabalho consiste em descrever o monitoramento do mal-entendido em tweets, destacando sua dinâmica organizacional, fatores que o desencadeiam, ações de denúncia e reparo e, ainda, o trabalho de face. Recorremos aos estudos da Análise da Conversa e Linguística Interacional.
Considerando-se que os problemas de comunicação são inerentes ao fazer enunciativo, já que diferentes saberes sobre o mundo, valores e pontos de vista se encontram no âmbito da própria atividade discursiva, propusemo-nos, neste trabalho, a identificar problemas de compreensão, mais especificamente, mal-entendidos que ocorrem em interações no Twitter. Procuramos descrever como os interlocutores, por meio de procedimentos linguístico-discursivos, operam na organização do texto virtual escrito, com o intuito de monitorar esses equívocos de compreensão, de modo a prosseguirem na abordagem do tema em pauta, visando a garantir, assim, a compreensão mútua. Para o desenvolvimento deste estudo, foram selecionadas conversações digitais, ou melhor, tweets trocados entre sujeitos-usuários das diversas esferas de atuação, os quais interagem, espontaneamente, por escrito, na rede social digital Twitter. Para fundamentar este estudo, recorremos aos pressupostos teóricos advindos da Etnometodologia Conversacional (SACKS, SCHEGLOFF e JEFFERSON, 1974, 1977; SCHEGLOFF, 1992) e da Linguística Interacional (SELTING e COUPER-KUHLEN, 2001; MONDADA, 2008; HILGERT, 2019). Os exemplos analisados expõem um quadro de regularidades na organização das sequências discursivas, revelando que os mal-entendidos se manifestam predominantemente no intervalo entre o enunciado de referência e o enunciado de denúncia e/ou solução do problema. Quanto aos fatores responsáveis por esses desvios interpretativos, podemos destacar, em especial, aspectos semântico-lexicais e estruturação sintática. As ações de denúncia e reparo são de diferentes ordens, convergindo, em geral, para um único procedimento, ou seja, na explicitação da denúncia já se resolve o mal-entendido. Observamos que os parceiros comunicativos tendem a adotar procedimentos de reformulação, tais como paráfrases, correções e repetições. Ainda, um aspecto importante a se destacar, nesta pesquisa, diz respeito ao trabalho de face dos interlocutores (facework), marcado tanto por atenuações e manifestações corteses na denúncia e resolução dos mal-entendidos quanto por traços de descortesia, o que resulta na ameaça às faces dos interlocutores.
Débora Andrade
#linguistweets #lt1000 “Você sabe o que é mal-entendido (ME)?” Um fenômeno inerente à conversa. Ocorre tanto em interações face a face quanto em conversas na rede. Trata-se de uma interpretação realizada pelo enunciatário, não adequada aos propósitos comunicativos do enunciador.
5Dez 2020 10:15 UTC
5Dez 2020 07:15 Horário Local *

O papel da gama tonal na caracterização dialetal

Priscila Francisca (UFRJ - Brasil)

Co-autoria: Cláudia Cunha (UFRJ - Brasil), Marisa Cruz (FLUL - Portugal)

A análise da gama tonal apontou valores mínimos idênticos em ambos os tipos frásicos, tanto para o Norte quanto para o Sul. Todavia os valores máximos alcançados pela F0 das sentenças sulistas são sempre superiores àqueles atingidos pelas nortistas em perguntas e asserções.
A gama tonal é tratada pelo Modelo Autossegmental e Métrico como um parâmetro acústico associado à manifestação da expressividade na fala, ainda que outros estudos também tenham lançado luz sobre a possibilidade de a variação do pitch range ocasionar, em determinados casos, mudanças no sentido pragmático do enunciado. Diante disso, ainda são poucos os trabalhos que discutem o uso do reportado parâmetro como preditor dialetal. Em face desse cenário, o presente estudo visa preencher essa lacuna, tomando como base enunciados interrogativos totais e assertivos neutros provenientes de duas cidades limítrofes do país - Oiapoque (Norte-AP) e Chuí (Sul-RS) -, somadas as suas respectivas capitais, a saber, Macapá (AP) e Porto Alegre (RS). Para tal, foram recolhidos dados de produção de fala semiespontânea, num total de 957 enunciados interrogativos e 641 declarativos, os quais foram analisados com base nos princípios postulados pelo Modelo Autossegmental e Métrico e pela Fonologia Prosódica. Foram ainda medidos e analisados, na janela temporal do núcleo entoacional do enunciado (última palavra prosódica), os seguintes parâmetros acústicos, em semitons (st): F0 máximo, F0 mínimo e gama tonal. Os resultados apontaram valores mínimos idênticos em ambos os tipos frásicos, tanto para o Norte quanto para o Sul. Em outras palavras, as interrogativas gaúchas e amapaenses alcançaram um valor médio de 88 st cada uma. Similarmente, as declarativas oriundas das reportadas regiões atingiram um valor mínimo de 86 st nos dois estados. Todavia os valores máximos alcançados pela F0 das sentenças sulistas são sempre superiores àqueles atingidos pelas nortistas em perguntas e asserções. Adicionalmente, constatou-se que a diferença de gama tonal notada entre as duas regiões sob análise, nas asserções, consiste em 3st e em 2st apenas nas interrogativas. Tendo em conta que a diferença de 3 st é perceptivelmente relevante para a língua portuguesa, prevê-se que a gama tonal, nas asserções apenas, possa dar pistas relevantes para a discriminação entre dialetos.
Priscila Francisca
#linguistweets #lt1015 Qual é o papel da gama tonal na caracterização dialetal dos extremos Norte e Sul do Brasil? Os enunciados interrogativos e declarativos das mencionadas regiões apresentarão diferenças, com base no referido parâmetro acústico? #gamatonal #entonacao #prosodia
5Dez 2020 10:30 UTC
5Dez 2020 07:30 Horário Local *

Processing linguistic variation

Raquel Freitag (UFS - Brasil)

This paper explores the effects between implicit and explicit knowledge about linguistic variation. An experimental study shows that stigmatized phonological variants present differences in the awareness task while in unawareness task the pattern is similar to casual speech.
The experimental approach of sociolinguistics can offer evidence to support speakers’ linguistic profile, considering social and dialectal features. This approach considers the relationship between implicit and explicit knowledge about the relationship between linguistic and social information. Do people attribute different judgments for the same word because of different linguistic features? Can people repeat the same linguistic features listened or do people neutralize the variation in repeating the task? This paper investigates the pattern of distribution of a pool of variables in different experimental tasks by the same speakers contributing to reveal the relationship between social appreciation and linguistic awareness. An experiment in which three tasks were undertaken by 70 participants (lexical decision, repetition, and picture naming) was running with stimuli of the variants from three phonological processes in Brazilian Portuguese with different patterns in terms of salience and social evaluation :reduction of diphthongs, denasalization, and palatalization. Variables even considered as a stigmatized social feature or both stylistically and socially neutral, followed production studies based on vernacular speech, level of social awareness plays an important role in determining which variants are subject to correction.
Raquel Freitag
#linguistweets #lt1030 1/How much awareness do we have about linguistic variation? Measuring the implicit and explicit knowledge about the relationship between linguistic and social information is a goal in sociolinguistic studies to differentiate noticed and perceived variation. https://t.co/LeylakbO20
5Dez 2020 10:45 UTC
5Dez 2020 07:45 Horário Local *

Aspectos cognitivos e avaliação de linguagem

Ana Carolina Gomes da Silva (FATEC São Caetano do Sul - Brasil)

Nesta conferência apresentarei alguns dos resultados expostos em Silva (2018), em que investiguei se e quanto, características relacionadas ao estilo, trajetória de vida e saúde de diferentes participantes, poderia influenciar no seu desempenho em uma avaliação de conversas.
O objetivo deste estudo consistiu em avaliar se fatores relacionados a estilo, trajetória de vida e saúde de uma pessoa poderiam mostrar alterações nos resultados de um instrumento de avaliação de linguagem. O instrumento aplicado possui base predominantemente pragmática e avalia as capacidades de reparação e retomadas a partir de quebras dialógicas no processo interacional.
Elaborado e aplicado originalmente em pacientes com afasia, o Assessment Protocol of Pragmatic-Linguistic Skills - APPLS de Gerber & Gurland (1989), permite avaliar os comportamentos interacionais de uma pessoa enquanto interage dialogicamente com outro parceiro interacional, de forma geral, uma pessoa próxima da pessoa avaliada.
Para avaliar se fatores de estilo, trajetória de vida e saúde poderiam afetar os resultados da aplicação do APPLS, foi elaborado um questionário com base no modelo de Reuter-Lorenz & Park (2014) sobre fatores protetivos e prejudiciais à cognição humana.
Foram realizadas 66 entrevistas, com três grupos etários distintos: o primeiro grupo era composto por participantes de de 18 a 29 anos, o segundo grupo por participantes de 30 a 59 anos e o terceiro grupo, por participantes de 60 a 75 anos de idade. Os participantes eram voluntários residentes do estado de São Paulo, sem problemas de saúde diretamente ligados à faculdade da linguagem e as respostas, auto-declaradas.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas seguindo os critérios de avaliação propostos pelo protocolo. Os critérios eram divididos em quatro partes: quebras linguísticas e pragmáticas e as estratégias de reparação das quebras, tanto da pessoa avaliada, quanto de seu interlocutor.
A partir dos resultados expostos em Silva (2018) destacamos: a partir da análise de participantes sem vantagens ou desvantagens linguísticas/cognitivas, que as quebras conversacionais foram menos comuns, não foi possível associar os tipos de estratégias de reparação aos tipos de quebras conversacionais.
Além disso, não foi possível concluir que a faixa etária dos participantes exercesse alguma influência nos resultados obtidos com a aplicação do protocolo, e, somente a presença, - que foi auto-relatada-, de problemas neurológicos demonstrou uma correlação positiva com a ocorrência de quebras linguísticas e do total de quebras também (SILVA, 2018).
Foi possível concluir que o estudo se mostrou bastante produtivo com relação à coleta e produção de dados de estilo, trajetória de vida e saúde da amostra populacional e que os resultados obtidos com a aplicação do protocolo APPLS estão de acordo com o proposto por Gerber & Gurland (1989).
Ana Carolina Gomes
Será que o estilo de vida e a saúde podem interferir na nossa maneira de falar quando estamos conversando? Segue o fio 👇 #linguistweets #lt1045
5Dez 2020 11:00 UTC
5Dez 2020 08:00 Horário Local *

Children use prosody for sentence disambiguation

Letícia Schiavon Kolberg (UNICAMP - Brasil)

Co-autoria: Alex de Carvalho (France), Bernadete Abaurre (Brasil), Anne Christophe (France)

Can Brazilian children use prosody to constrain their interpretation of sentences? In our study, 3-4-yos correctly interpreted sentences such as "The tiger hits! The duck too", which, without prosody, are ambiguous with transitive sentences such as "The tiger hits the duck too".
We conducted a study aimed at investigating young Brazilian Portuguese (BP)-learning children’s ability to use the information provided by prosodic boundary cues (e.g., pauses, intonation variation and vowel lengthening) to constrain their interpretation of ellipsis sentences such as “[O tigre tá comendo]! [O dinossauro também]!” (“[The tiger is eating]! [The dinosaur too]!”, in which both the tiger and the dinosaur are agents of the action “eat”, but the verb is ellipsed in the second phrase via a syntactic process called stripping), which without the prosodic information that indicates a major phrase boundary after the verb, would be ambiguous with simple transitive sentences such as “[O tigre tá comendo o dinossauro também]!” (“[The tiger is eating the dinosaur too]!”, in which the tiger is the agent, and the dinosaur is the patient). Currently, only a few set of studies in English and in French successfully demonstrated children's ability to use prosody to constrain parsing (e.g., Dautriche et al., 2014; de Carvalho, et al., 2016a, 2016b, 2017, 2019; Kolberg et al., under review; Snedeker & Yuan, 2008). Other studies however have failed to demonstrate children's ability to use prosody for syntactic disambiguation before 6 years of age (e.g., in English: Snedeker & Trueswell, 2001; in Korean: Choi & Mazuka, 2003). To investigate this issue and to test whether the ability to use prosodic information to constrain parsing can be attested in other languages than English and French, we conducted a Preferential Looking study with BP-learning 3-4-year-olds. Children listened either to stripping or to simple transitive sentences such as the ones above, while watching two videos displayed side-by-side: one depicting the stripping interpretation of sentences (e.g., a tiger and a dinosaur eating a duck, for the example above), and another depicting the simple transitive interpretation (e.g., a tiger eating a dinosaur and a duck). The results showed that children who heard the prosody of stripping sentences looked significantly longer towards the video depicting the stripping interpretation (M = .59, SD = .11) than children who heard the prosody of simple transitive sentences (M = .50, SD = .11; t(48.81) = 2.98; p = .004; Cohen's d = .83). These results show that 3-4-year-olds acquiring Brazilian Portuguese can use phrasal prosody in real-time during sentence processing to guide their syntactic analysis and to correctly disambiguate stripping and transitive sentences. In addition, our results suggest that 3-4-year-olds understand stripping constructions, which involve ellipsis and syntactic identity relationships. This adds to the growing body of evidence on the important role of prosody in constraining parsing in young children during language acquisition.
Leticia S Kolberg
1. #linguistweets #lt1100 Can pauses, intonational and durational cues in fluent speech help children discover the syntactic structure of sentences? We conducted a Preferential Looking task to investigate this ability in Brazilian children. #LanguageAcquisition #Psycholinguistics
5Dez 2020 11:15 UTC
5Dez 2020 08:15 Horário Local *

Variação linguística na leitura em voz alta

Victor Renê Andrade Souza (UFS - Brasil)

Co-autoria: Gládisson Garcia Aragão (UFS - Brasil)

Variação linguística ocorre em contexto de leitura em voz alta? Essa exposição sistematiza resultados de estudos que investigaram a transposição de traços variáveis da fala para a leitura em voz alta e aponta as principais contribuições ao ensino de leitura e à sociolinguística.
A variação linguística ocorre em situações de uso da língua, inclusive em contextos de maior monitoramento estilístico, como a leitura em voz alta (FREITAG, 2020). No Brasil, ainda são poucos os estudos sociolinguísticos que investigaram a transposição de traços linguísticos variáveis da fala para a leitura em voz alta. Na presente exposição, objetivamos sistematizar os resultados desses estudos e apontar as principais contribuições ao ensino de leitura e à sociolinguística. Para tanto, realizamos uma revisão sistemática integrativa. Os resultados dessas investigações apontam para duas direções: variação linguística na leitura em voz alta i) sinaliza pistas do nível de automaticidade na decodificação e proficiência leitora (HORA; AQUINO, 2012; MACHADO, 2018; SÁ, 2019; FREITAG; SÁ, 2019), indicando consciência sociolinguística (FREITAG, 2020); e ii) fornece indícios do nível de apreciação social de traços linguísticos variáveis. A transposição de traços variáveis da fala para a leitura em voz alta sinaliza automaticidade na decodificação e proficiência leitora (HORA; AQUINO, 2012; MACHADO, 2018; SÁ, 2019; FREITAG; SÁ, 2019), e não imprecisão, como estudos anteriores chegaram a afirmar. A hipótese sustentada é a de que o leitor reconhece o item escrito através do acesso à rota lexical e o produz oralmente conforme seu reportório sociolinguístico (COLTHEART, 2013). O leitor que faz uso da rota lexical já alcançou o nível hábil da leitura, pois ativa de modo inconsciente e automático as representações ortográficas, fonológicas e os significados das palavras armazenadas no seu léxico mental (FREITAG; SÁ, 2019). A relação entre variação linguística na leitura em voz alta e o sucesso em compreensão leitora tem sido atestada por estudos que cruzam dados de leitura oral com resultados de testes de compreensão leitora (SÁ, 2019; FREITAG; SÁ, 2019). Esses estudos revelam que leitores que transpõem traços linguísticos variáveis da fala para a leitura em voz alta são os que obtêm maior sucesso no teste de compreensão leitora, apontando uma relação entre consciência sociolinguística e sucesso na aprendizagem inicial da leitura (FREITAG; SÁ, 2019; FREITAG, 2020). No entanto, não é qualquer fenômeno variável que aparece na leitura em voz alta. Fenômenos variáveis da fala passam para a leitura em voz alta em função do grau de apreciação social dos traços linguísticos. Assim, fenômenos variáveis menos marcados, como o /R/ em coda final de palavra e a monotongação de ditongo decrescente, são mais recorrentes na leitura em voz alta; fenômenos mais salientes, por sua vez, como a palatalização progressiva, são barrados na leitura em voz alta (SOUZA; SILVA; ARAUJO, 2020). A partir dessas descobertas, como sugere Freitag (2020), o professor de língua materna pode observar a transposição de traços linguísticos da fala para a leitura em voz alta e, desse modo, direcionar ações para o desenvolvimento de uma consciência sociolinguística na leitura em voz alta.
Victor Renê Andrade Souza
#linguistweets #lt1115 Variação linguística ocorre na leitura em voz alta? Nessa exposição sistematizamos resultados de estudos que investigaram traços variáveis da fala na leitura em voz alta e apontamos as principais contribuições ao ensino de leitura e à sociolinguística.
5Dez 2020 11:30 UTC
5Dez 2020 08:30 Horário Local *

Texto, ensino e historiografia da linguística

Esta apresentação propõe divulgar o projeto de pesquisa de doutorado que tem como objetivo discutir a presença do objeto teórico texto na elaboração, produção, circulação e recepção de livros didáticos de língua portuguesa no contexto brasileiro das décadas de 1950-2000.
O livro didático se adapta a cada momento político e cultural da sociedade brasileira e, por isso, a configuração desse material sofre mudanças conforme a evolução dos estudos linguísticos ao longo do tempo. Esta apresentação propõe divulgar o projeto de pesquisa de doutorado que tem como objetivo a análise do texto como objeto de ensino em livros didáticos de língua portuguesa no Brasil, por meio de uma perspectiva historiográfica do século XX. Nesse sentido, as perguntas que orientam a análise são: (i) quais as características do contexto histórico e social de produção de livros didáticos de língua portuguesa no Brasil no período 1950-1990?; (ii) Quais as características dos livros didáticos de língua portuguesa no período selecionado?; (iii) Quais são as concepções de língua/linguagem ou teorias/abordagens linguísticas subjacentes aos livros didáticos de língua portuguesa do período selecionado?; (iv) Qual a concepção de texto e seus modos de tratamento como unidade de ensino nos livros didáticos de língua portuguesa do período selecionado? A fim de atingirmos esses objetivos, alguns critérios são necessários para a seleção dos livros didáticos: obras de referência de cada época entre o século XX de livros didáticos de língua portuguesa que atendam o ensino secundário, hoje 6º ao 9º ano. A base teórica que fundamenta a pesquisa é a da historiografia linguística de Koerner (2014) e Swiggers (2019). A pesquisa confirmará a hipótese de que o livro didático possui um papel social que é influenciado historicamente pelo homem. Poderemos ainda refletir sobre o contexto da sala de aula, avaliando qual papel o livro didático desempenha nesse ambiente em cada época.
Jéssica
#linguistweets #lt1130 Olá a todos, esta sequência de tweet apresenta a minha pesquisa de doutorado em andamento. O trabalho busca responder: qual a configuração histórica do texto como objeto teórico em livros didáticos brasileiros de língua portuguesa no século XX?
5Dez 2020 11:45 UTC
5Dez 2020 08:45 Horário Local *

Referenciação e argumentação polêmica no twitter

Maria Luiza Arruda (UFPE - Brasil)

Co-autoria: Suzana Cortez (Brasil)

Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a (re)construção dos processos referenciais no twitter e o modo como eles interferem na instauração do discurso polêmico. Para isso, toma-se como pressupostos teóricos os estudos da Linguística Textual e da Argumentação no Discurso.
O ambiente virtual tem possibilitado múltiplas maneiras dos sujeitos interagirem. Essa afirmação toma como evidência as práticas sociocomunicativas desenvolvidas nesse espaço, cujas roupagens e finalidades estão cada vez mais inovadoras. Além de apresentar diferentes formas e modos de leitura, os textos produzidos digitalmente carregam em si marcas textuais-discursivas que são indispensáveis para a negociação dos sentidos e para o estabelecimento da argumentação textual. Visando a compreender como se realizam essas estratégias linguísticas, esta pesquisa tem como objetivo investigar os processos referenciais em tweets polêmicos. Para isso, ancoramos-nos em pressupostos teóricos da Linguística Textual e, ao tratar sobre argumentação, aprofundamos nos estudos da Análise Argumentativa do Discurso. Partindo de uma perspectiva sociointeracional da língua, levantamos discussões sobre texto, coerência e levamos em consideração os aspectos cognitivos, históricos e sociais da referenciação, compreendendo que a língua não exprime uma realidade acabada e que os objetos de discurso são sempre (re)formulados pelos sujeitos. Tal construção dos referentes é substancial para o fazer argumentativo, pois as escolhas feitas pelos indivíduos revelam os seus pontos de vista e, conquentemente, os posicionam no discurso. Nesta pesquisa, o aporte teórico é formado por Amossy (2017; 2018), Cavalcante (2011; 2012; 2016), Cavalcante et al. (2017), Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014), Cavalcante, Pinto e Brito (2018), Elias e Cavalcante (2017; 2018), Koch (2005), Marcuschi (2008), Matos (2018). O Twitter tem sido um espaço para constantes debates de interesse público, os quais geram diferentes posicionamentos, e essa oposição de pontos de vistas é um ponto característico da argumentação polêmica. Por isso, utilizamos, como corpus de análise, tweets que abordam temas polêmicos ocorridos no decorrer do ano de 2019. No total, foram coletados 100 tweets, somando as postagens principais e suas respostas. Na metodologia, fazemos uma abordagem descritiva qualitativa, observando os fenômenos da referenciação e argumentação que são evidenciados nos textos. Por meio da análise dos materiais, percebemos com regularidade a formação de redes referenciais, ou seja, a introdução e retomada de referentes não acontecia apenas por meio de formas nominais referenciais, mas a partir de diversas mobilizações cotextuais e contextuais realizadas pelos tweets, como imagens, memes, elipses, etc. Observamos, ainda, que a construção dos objetos de discurso era estabelecida na postagem principal, nas respostas e, até mesmo, entre ambas, reforçando o caráter colaborativo dos processos referenciais. Por fim, constatamos que o processo de recategorização contribuiu, na maioria das respostas, para desqualificar o discurso do adversário, possibilitando a instauração do discurso polêmico.
Maria Luiza Arruda
#linguistweets #lt1145 Como se argumenta no twitter? De que forma a referenciação contribui para a construção da modalidade argumentativa polêmica? Essas perguntas norteiam a nossa pesquisa e vamos mostrar nessa thread alguns resultados obtidos. @suzana_cortez
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